quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ninguém o lembra...


"Enfim, na despensa do Império do Espírito Santo mostraram-lhe algumas varas da mordomia velha, […]. Durante a erupção os homens mais afoitos seguiam o curso da lava que ameaçava engolir a Urzelina, e, metendo-lhe cacetes e varas do pálio que cobria o Santíssimo passeado em procissão, tiravam-nos protegidos por aquela camada rija e cínzea da pasta de fogo."

Vitorino Nemésio in Mau Tempo no Canal


Para quem desconhece, o escritor açoriano Vitorino Nemésio escolheu como local da acção de uma parte da sua obra maior, Mau Tempo no Canal, a freguesia da Urzelina. Ao longo desses seis capítulos, são feitas vagas descrições da Urzelina da época, várias referências à Torre e à erupção de 1808.

Apresenta a Urzelina como um local misto de descanso e inquietude espiritual, onde a personagem principal, Margarida Clark Dulmo, se entrega aos seus pensamentos.

A nossa freguesia constitui, por mão de Vitorino Nemésio, parte importante numa das maiores obras da literatura portuguesa, e, mesmo assim, ninguém o lembra...

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