I
D’alma
inteira e coração
Aqui
estamos, meus senhores,
Pra cumprir
a tradição.
A maior
festa dos Açores.
II
Em honra ao
Espírito Santo
E à
Santíssima Trindade,
Que nos
cobrem com um manto
De infinita
bondade.
III
De novo embebidos
Deste
espírito de amor.
Todos
juntos, reunidos,
Na graça do
Senhor.
IV
O Senhor,
que ilumina
Cada um como
um irmão,
Sábio nos
ensina
O sentido de
união.
V
O Divino, em
nosso peito,
Festa deve
merecer,
Como sempre
foi feito,
Como se deve
manter.
VI
Em todos na
Urzelina
Esta festa
vive e mora,
Desde a
infância menina
Até aos
tempos de agora.
VII
Por ruas e
canadas,
Da nossa
freguesia,
Tremoços às
rodadas
Com sabor a
maresia.
VIII
O foguete
animador
Pelo céu voa
lançado.
É um melro
cantador
De peito
alaranjado.
IX
O pão
aprimorado
Faz parelha
com o segundo,
Que é o
queijo fabricado
Do melhor
leite do mundo.
X
Os carros,
neste dia,
São de
verdura e flores.
Carregam a
alegria
Da frescura
das cores.
XI
Este ano,
para renovar
Um pouco a tradição,
Queremos
relembrar
Tempos idos
que lá vão.
XII
O motivo
inspirador
Do carro
apresentado:
Uma foto do
alvor
Do século
passado.
XIII
Na mesa, bem
no centro,
A coroa do
divino
Num altar de
passo lento
Puxado pelo
bovino.
XIV
O altar é
ladeado
Por pilares
altaneiros,
Um império
simulado
Pelos paus dos fueiros.
XV
As seves vão
por fora
Com giesta
matinal,
Como
ensinara outrora
Senhor
Alfredo Amaral.
XVI
Com mestre
Jorge Caetano,
Cada um com
sua mão,
Recordemos,
pois este ano,
Sua herança
na tradição.
XVII
São carros
de formas belas.
Andando
devagarinho
Parecem
caravelas
A navegar no
caminho.
XVIII
Já agora,
por falar,
Em andar no
caminho,
É melhor não
passar
Em frente ao
Manezinho.
XIX
Culpa é
grande solteirona,
Ninguém quer
a sua mão.
Continua ali
na zona
Aquele
enorme buracão.
XX
Os doutos,
na ocasião,
Resolveram
pra depois.
Fizeram uma
promoção:
Tapa um e
abre dois.
XXI
Querendo
solucionar,
Não havendo
outra maneira,
Podem o
buraco tapar
Com pedra da
britadeira.
XXII
Há aí gente
malina,
Digo mesmo
indecente,
Querem pôr a
Urzelina
Com ar sujo
e doente.
XXIII
Aprovaram a
pedreira,
Os edis
municipais,
Não terão a
barulheira
Em Santo
Amaro ou Rosais.
XXIV
Foi uma
coisa devassa
Sem ser dada
a conhecer.
Pois quando
assim se passa
É que há
algo a esconder.
XXV
Já não era
novidade
Entre os
membros do poder
Mas ao povo,
já se sabe,
Não foi dado
a conhecer.
XXVI
Os da Câmara
calados,
A Junta nada
falou.
Estavam
ambos ajoujados
P’lo partido
que os botou.
XXVII
Os partidos
são fachada
Para quem
ceva da pia.
São a canga
mais pesada
Da nossa
democracia.
XXVIII
Mas quando
há sofreguidão,
Ao apalpar o
mojo,
Cada quer o
seu quinhão
Lá rebenta o ajoujo.
XXIX
Ao parque de
lazer
Querem dar
continuação
Mas a
Câmara, por prazer,
Pusera-lhe um
travão.
XXX
Há vontade
com fartura
Mas levam
trabalhadores.
É a política
pura
Sem vergonha
ou pudores.
XXXI
Da Fajã à
Larica,
Um caminho
ali se quis.
Parou tudo e
só fica
Uma feia
cicatriz.
XXXII
Dinheiro
foram gastar
Pra poder
atravessá-lo.
Agora para
passar
Nem a pé nem
a cavalo.
XXXIII
Fazem-me um
parafuso
Estas
cabeças de ouro.
Tão vazias e
sem uso
Como o nosso
matadouro.
XXXIV
Há algo que
nos pertence,
Nunca o
podem tirar,
É o ser
urzelinense
E desta
terra gostar.
XXXV
Um exemplo
desse amor,
Este ano a
mordomia,
Muito
esforço e labor
A alegrar a freguesia.
XXXVI
A mordomia
agradece,
A quem de
coração,
Pra ajudar
comparece
Com fé e
dedicação.
XXXVII
Aos
emigrantes agradeço.
Do mar, aqui
deste lado,
Sai com
saudade e apreço
Um abraço apertado.
XXXVIII
São gente da
nossa gente
Noutras
terras, noutros povos.
São-no,
infelizmente,
Cada vez
mais e mais novos.
XXXIX
Despeço-me
em bem
De todos que
aqui estão.
Aos de fora
também
Obrigado
pela atenção.
XL
Do adeus
chegou a hora,
Para o ano cá
estaremos,
Vinde à
copeira agora
E ao Divino
brindemos.
Bruno Soares
2015