terça-feira, 6 de junho de 2017

Bando do Espírito Santo - 2017


I
Boa tarde aos presentes
Neste auditório singelo.
Saudades aos ausentes
Deste lugar tão belo.

II
O Divino aqui nos traz
Pela sua mão ardente,
Em tradição que muito apraz
A esta terra, a esta gente.

III
Branca Pomba celeste,
Eu devoto aqui te louvo,
A este mundo  tu deste
O império de um só povo.

IV
A freguesia é convidada
Ao alegre festejar
Da memória alimentada
Por um culto secular.

V
Costumes e tradições
Vivem-se nestes momentos,
Trazem-nos recordações
E arpejos de sentimentos.

VI
O foguete ao fim do dia
Chama ao terço do serão.
Rezam-se à Virgem Maria
Sinfonias de oração.

VII
A casa de cada irmão
A coroa vai honrar,
Que por esta ocasião
A eleva num altar.

VIII
Ao cortejo da coroação
Ninguém fica indiferente.
Sincera demonstração
Do respeito que se sente.

IX
Levada por toda a parte,
Casta pomba que é bordada
Em encarnado estandarte
Com uma fímbria dourada.

X
Prato e coroa vão ao centro
De quadro que é formado,
Em doce compasso lento
Pela banda ritmado.

XI
Toca a banda da Urzelina
Escalas de felicidade.
Som de nota cristalina
Música da sociedade.

XII
Sociedade Urzelinense
Tem idade a respeitar.
Casa que à terra pertence
E que devíamos cuidar.

XIII
Como não ganham vintém,
Na Sociedade União,
A ajudar não há ninguém,
A criticar um batalhão.

XIV
Lembro que em cada um de vós
Reside alguém que ali passou,
Entre irmãos, pais ou avós
Houve quem lá muito suou.

XV
Se um dia não houver banda,
Ou a casa até fechar,
Levem a sua mão ao peito
Primeiro antes de falar.

XVI
Há que prestar homenagem
A quem está na direção
P’la entrega e coragem
Ao lhe terem dado a mão.

XVII
A Urzelina é lugar
De cultura a cem por cento,
Até há marcha a dançar.
É a arte em movimento.

XVIII
É movimento de folia
Rico em muitas emoções
É uma dança de alegria
Que aquece corações.

XIX
E como arte ela começa
Filha da sinceridade.
Que a verdade nunca impeça
Uma verdadeira amizade.

XX
Faz espalhar por toda a parte
Algo que é sempre novo.
É a cultura e a arte
Que fazem crescer o povo.

XXI
Mas falemos de futebol,
Que é coisa muito importante,
Razão de nascer o sol,
De dedicação constante.

XXII
Por ele gastam muitas solas,
Fazem festas e touradas,
Para ele cantam violas,
Há fados e guitarradas.

XXIII
Fica tudo absorto,
Tudo feliz e contente.
Se não fosse esse desporto,
O que seria da gente.

XXIV
Isso é pouco relevante,
E assim mesmo tem de ser,
Para o turista viajante
Que tem  vindo a aparecer.

XXV
O turismo será bem cedo
Um Rei Midas realizado.
Em tudo que toca o dedo
Fica em ouro transformado.

XXVI
Brotam casas e casinhas
Por aqui, por todo o lado.
Nascem como erva daninha,
Espalham-se como o silvado.

XXVII
São projetos por favor
Na União Europeia.
Ser-se empreendedor
É nova enfardadeira.

XXVIII
Gente de muito lugar
Esta terra vêm ver,
Uma foto querem tirar
E o património conhecer.

XXIX
Criaram nova atração
Na velha torre sineira.
Uma linda coleção
De placas de madeira.

XXX
Admiráveis coisas belas,
Parecem obras de artista.
Placas melhores que aquelas
Só se formos ao dentista.

XXXI
O guindaste, infelizmente,
Há muito sem funcionar.
É o Marcelo presidente
Que ainda o vai consertar.

XXXII
Um guindaste com valor
Quando era manual.
Como ele está hão de lhe pôr
Umas luzes pelo Natal.

XXXIII
Padecem os pescadores
Com esta situação.
No governo, os senhores,
Não lhes dão a solução.

XXXIV
A Junta pede para anunciar,
A quem tem terra cultivada:
É melhor não semear
A poucos metros da estrada.

XXXV
A Junta à monda fez guerra,
Herbicida a arma exata,
Mata o que é verde na terra
Nem lhe escapa a batata.

XXXVI
Em gesto de repetição
Espalham veneno intenso,
Parecem padres em procissão
A balançar com o incenso.

XXXVII
A esta mordomia
Um louvor há a fazer
Por darem à freguesia
A festa que estão a ver.

XXXVIII
É o tremoço, é o vinho.
É o pão e é o queijo.
Ninguém aqui está sozinho,
Tem sempre onde dar um beijo.

XXXIX
São os bolos do chavão
Levados de um braçado,
Andando de mão em mão
Como se fosse um bailado.

XL
Uma palavra aos emigrantes,
Movidos p’la necessidade,
Que lá de terra s distantes
Mandam generosidade.

XLI
Até para o ano com saúde,
Que o Divino assim queira,
Digo adeus desta maneira
Em despedida sincera.
Agora vamos à copeira
Que estão lá à nossa espera.

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