I
Boa tarde
aos presentes
Neste
auditório singelo.
Saudades aos
ausentes
Deste lugar
tão belo.
II
O Divino
aqui nos traz
Pela sua mão
ardente,
Em tradição
que muito apraz
A esta
terra, a esta gente.
III
Branca Pomba
celeste,
Eu devoto
aqui te louvo,
A este mundo
tu deste
O império de
um só povo.
IV
A freguesia
é convidada
Ao alegre
festejar
Da memória
alimentada
Por um culto
secular.
V
Costumes e
tradições
Vivem-se
nestes momentos,
Trazem-nos
recordações
E arpejos de
sentimentos.
VI
O foguete ao
fim do dia
Chama ao
terço do serão.
Rezam-se à
Virgem Maria
Sinfonias de
oração.
VII
A casa de
cada irmão
A coroa vai
honrar,
Que por esta
ocasião
A eleva num altar.
VIII
Ao cortejo
da coroação
Ninguém fica
indiferente.
Sincera
demonstração
Do respeito
que se sente.
IX
Levada por
toda a parte,
Casta pomba
que é bordada
Em encarnado
estandarte
Com uma
fímbria dourada.
X
Prato e
coroa vão ao centro
De quadro
que é formado,
Em doce
compasso lento
Pela banda
ritmado.
XI
Toca a banda
da Urzelina
Escalas de felicidade.
Som de nota
cristalina
Música da
sociedade.
XII
Sociedade
Urzelinense
Tem idade a
respeitar.
Casa que à
terra pertence
E que
devíamos cuidar.
XIII
Como não
ganham vintém,
Na Sociedade
União,
A ajudar não
há ninguém,
A criticar
um batalhão.
XIV
Lembro que
em cada um de vós
Reside
alguém que ali passou,
Entre
irmãos, pais ou avós
Houve quem lá muito suou.
XV
Se um dia não
houver banda,
Ou a casa
até fechar,
Levem a sua
mão ao peito
Primeiro
antes de falar.
XVI
Há que
prestar homenagem
A quem está
na direção
P’la entrega
e coragem
Ao lhe terem
dado a mão.
XVII
A Urzelina é
lugar
De cultura a
cem por cento,
Até há
marcha a dançar.
É a arte em
movimento.
XVIII
É movimento
de folia
Rico em
muitas emoções
É uma dança
de alegria
Que aquece
corações.
XIX
E como arte
ela começa
Filha da
sinceridade.
Que a
verdade nunca impeça
Uma verdadeira
amizade.
XX
Faz espalhar
por toda a parte
Algo que é
sempre novo.
É a cultura
e a arte
Que fazem
crescer o povo.
XXI
Mas falemos
de futebol,
Que é coisa
muito importante,
Razão de
nascer o sol,
De dedicação
constante.
XXII
Por ele
gastam muitas solas,
Fazem festas
e touradas,
Para ele
cantam violas,
Há fados e
guitarradas.
XXIII
Fica tudo
absorto,
Tudo feliz e
contente.
Se não fosse
esse desporto,
O que seria da
gente.
XXIV
Isso é pouco
relevante,
E assim
mesmo tem de ser,
Para o
turista viajante
Que tem vindo a aparecer.
XXV
O turismo
será bem cedo
Um Rei Midas
realizado.
Em tudo que
toca o dedo
Fica em ouro
transformado.
XXVI
Brotam casas
e casinhas
Por aqui,
por todo o lado.
Nascem como
erva daninha,
Espalham-se
como o silvado.
XXVII
São projetos
por favor
Na União
Europeia.
É nova enfardadeira.
XXVIII
Gente de
muito lugar
Esta terra
vêm ver,
Uma foto
querem tirar
E o património conhecer.
XXIX
Criaram nova
atração
Na velha
torre sineira.
Uma linda
coleção
De placas de
madeira.
XXX
Admiráveis
coisas belas,
Parecem
obras de artista.
Placas
melhores que aquelas
Só se formos
ao dentista.
XXXI
O guindaste,
infelizmente,
Há muito sem
funcionar.
É o Marcelo
presidente
Que ainda o
vai consertar.
XXXII
Um guindaste
com valor
Quando era
manual.
Como ele
está hão de lhe pôr
Umas luzes
pelo Natal.
XXXIII
Padecem os
pescadores
Com esta
situação.
No governo,
os senhores,
Não lhes dão
a solução.
XXXIV
A Junta pede
para anunciar,
A quem tem
terra cultivada:
É melhor não
semear
A poucos
metros da estrada.
XXXV
A Junta à
monda fez guerra,
Herbicida a
arma exata,
Mata o que é
verde na terra
Nem lhe
escapa a batata.
XXXVI
Em gesto de
repetição
Espalham
veneno intenso,
Parecem
padres em procissão
A balançar
com o incenso.
XXXVII
A esta
mordomia
Um louvor há
a fazer
Por darem à
freguesia
A festa que
estão a ver.
XXXVIII
É o tremoço,
é o vinho.
É o pão e é
o queijo.
Ninguém aqui
está sozinho,
Tem sempre
onde dar um beijo.
XXXIX
São os bolos
do chavão
Levados de
um braçado,
Andando de
mão em mão
Como se
fosse um bailado.
XL
Uma palavra
aos emigrantes,
Movidos p’la
necessidade,
Que lá de
terra s distantes
Mandam
generosidade.
XLI
Até para o
ano com saúde,
Que o Divino
assim queira,
Digo adeus
desta maneira
Em despedida
sincera.
Agora vamos
à copeira
Que estão lá à nossa espera.
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